segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

SAUDADE

(Augusto dos Anjos)

Hoje que a mágoa me apunhala o seio,
E o coração me rasga atroz, imensa,
Eu a bendigo da descrença em meio,
Porque eu hoje só vivo da descrença.

À noite quando em funda soledade
Minh'alma se recolhe tristemente,
Pra iluminar-me a alma descontente,
Se acende o círio triste da Saudade.

E assim afeito às mágoas e ao tormento,
E à dor e ao sofrimento eterno afeito,
Para dar vida à dor e ao sofrimento,

Da saudade na campa enegrecida
Guardo a lembrança que me sangra o peito,
Mas que no entanto me alimenta a vida.

Um comentário:

  1. AMo Augusto dos Anjos. Tenho, por sorte, a primeira edição do livro Eu e Outras pOesias que achei na casa da minha avó. Tb já visitei o seu túmulo que fica na cidade de Leopoldina.

    ResponderExcluir