quinta-feira, 2 de abril de 2015

E agora, Cara?

Estava aqui me lembrando daquelas madrugadas quando rodávamos todos os butecos do bairro, trocando as pernas para subir ou descer a Rua da Bahia. Dos domingos em que você acordava com a barba mal feita, e fazia um café antes de me dizer bom dia. De todas as vezes que você me disse que sentia um vazio imenso depois do sexo, e por isso não me deixava te soltar, e se agarrava em mim com aqueles joelhos fortes que você tinha. Pensei em todas as vezes em que ficamos largados no seu apartamento, dizendo "Brother, my cup is empty" quando acabava a cerveja... Nick Cave sempre soube das coisas. 
Numa tarde você me fotografou na sacada, à luz de um quase adormecido raio de sol, e me disse que amor não é escolher o nome do cachorro juntos, ir almoçar com a família do outro aos fins de semana, muito menos dar e receber apelidos ridículos. Que o amor, na verdade, é secreto e silencioso, algo bem parecido com o que tínhamos, mas que amor não era nem para mim nem para você. Pois você tinha um compromisso antigo com aquela angústia que não conseguia deixar de sentir, e eu, bem, eu sempre tentei não deixar meu coração esfriar. E então você vai e desaparece desse mundo, sem aviso, sem despedida, morre como todo mundo vai morrer um dia. Por todos os "se cuida" que já me disse ao me ver indo embora, digo e repito que não vou me cuidar agora que você não é mais meu par.

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Carta de agradecimento

Espero que não se importe por eu ter te escrito essas palavras.
Só te escrevo para te agradecer. 
Te agradecer por ter me amado tanto. Por não ter sido indiferente nem quando você quis muito e, felizmente, não conseguiu. Te agradecer por não ter me beijado no dia do beijo, porque achou que seria a coisa mais clichê do mundo.
Quero te agradecer também, por ter passado comigo aquele dia dos namorados frio e cinza, e ter me dito que não precisava de um dia específico no ano para declarar seu amor. Obrigada por ter me dedicado uma música que você tanto gosta, e também por ter lembrado de mim na cena daquele filme, Across the Universe, que assistimos na madrugada do seu aniversário.
Obrigada por perceber que eu mexo a boca estranhamente quando fico nervosa, e principalmente por me olhar como se eu fosse a última pessoa do planeta. Te agradeço por ter almoçado comigo tantas vezes, mesmo deixando claro que o almoço é a refeição que você menos aprecia. E, por falar em comida, saiba que nunca me esqueço daquela vez em que tomamos café antes de dormir, e comemos mexerica e brigadeiro no café da manhã.
Agradeço por ter ficado um mês longe, mas ter deixado bem claro que presença física não era quase nada perto do que a gente tinha e sentia. Por termos passado aquele réveillon escutando as mesmas músicas, mesmo que em cidades diferentes. Obrigada por ter feito eu acordar cedinho e ir te esperar na rodoviária.
Obrigada por todos aqueles passeios que fizemos nas lojas de móveis. Por todos os bolos com café, no seu caso muito doce, doce como você é e sempre será. Por ter ido comigo ao médico só porque eu não queria ir sozinha. Obrigada por sempre fazer comigo aquele trajeto, mesmo não sendo o seu, apenas pra ficar mais tempo perto de mim.
Te agradeço por não ter me implorado pra voltar, mas ainda assim ter me recebido de braços abertos quando eu decidi que ficar sem você não seria a solução. Obrigada por ter feito tantos planos pra nós, por mais bobos que fossem, e ter me permitido fazê-los também. Por ter mantido esses lindos olhos, que eu tanto gosto, sempre atentos aos meus movimentos.
Obrigada por sempre estar do outro lado da mesa me ouvindo falar, falar e falar, como eu sempre fazia. Por todos aqueles abraços imensos e demorados, por todas as nossas conversas bobas, e por todos os lugares que batizamos "nossos". Por ter segurado minhas mãos naquele teatro sem ninguém perceber. Por ter pago um preço exorbitante em um café porque eu estava com vontade de comer naquele lugar. Obrigada por ter enchido meu mundo de amor e detalhes enquanto esteve nele.
Muito obrigada por tudo, sempre.

segunda-feira, 2 de junho de 2014

naquela noite eu quis calar a sua boca
e para isso também ocupei a minha 
num beijo insensato
que se multiplicou em muitos outros
num delírio alcoolizado
encontrei a boca que à minha melhor se encaixa



segunda-feira, 21 de abril de 2014

lembranças: 
caixa cheia de
retratos imóveis


domingo, 18 de agosto de 2013

O amor é um delírio
é um domingo que acaba
uma ilusão camuflada
um sonho descompensado.

Um sonho
que dorme e acorda incessantemente.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Do fundo do baú

Estou bem no meio de uma mudança de uma casa para um apartamento. E, nesse clima de arrumação e economia de espaço na nova morada, passei a tarde mexendo e remexendo nos meus cadernos de toda a época escolar, e nos meus textos e livros da faculdade. Foi aí que eu encontrei uma série de textos e poemas que eu escrevi durante as aulas de literatura no auge dos meus 10 anos de idade, e fiquei muito emocionada. Não me lembrava de tê-los escrito, mas a essência e o fio de pensamento ainda são os mesmos que tenho hoje. Uma curiosidade é que encontrei, em quase todos os poemas, as palavras "fazendo o que me convém". Nem pretendo entender isso, rs! Enfim, aqui vão os dois que mais gostei:

LIBERDADE

I
A liberdade ainda não raiou,
mas aos poucos se acabou.
Queremos direito de igualdade,
para que cheguebem depressa a liberdade.

II
Liberdade não é só
correr, brincar, poder estudar.
Liberdade é também saber a verdade
e  viver com dignidade.

III
Liberdade é poder ser sábio
e às vezes hábil
quando precisar.

IV
Liberdade é viver bem,
e fazer o que nos convém.

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NARRAÇÃO

Quando eu crescer
eu quero ser
alguém que semeie a paz
alguém que fala e faz

II
Mas se eu não puder
esteja onde estiver
vou tentar viver bem
fazendo o que me convém.
 

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

O Meme Literário de um mês - Dia 10

~> Dia 10 – Spoilers te assustam?
(Fica triste quando lê algum sem aviso prévio ou não faz diferença saber detalhes essenciais da história?)


Os Spoilers as vezes me assustam, as vezes me agradam. Saber de detalhes essenciais da história podem fazer meu interesse aumentar ou acabar de uma vez.