domingo, 28 de novembro de 2010

Poema da sexta-feira

Sexta-feira é um dia bonito
que guarda todos os acúmulos da semana;

o acúmulo do cansaço

o acúmulo da irritação

o acúmulo da desilusão.

Sexta-feira é um dia ímpar e par

par a partir de domingo

ímpar a partir de segunda

dúbio, com altos e baixos,

sem nem mesmo rimar.

Sexta-feira é um dia interessante

todos correndo pra lá

alguns poucos correndo pra cá

ocupados com seus eus

e sem qualquer tempo a esperar.

Sexta-feira é
um dia ensolarado
mas que começa com chuva

e insiste em esquentar

se move de ônibus em ônibus

pra.. o quê? o que será?

Sexta-feira é um dia cheio de gente
gente boa, gente chata
gente que já perdeu a graça
gente (des)necessária
e muita, muita gente que nem se sabe.
Sexta-feira é um dia solitário

sentado no chão atrás de um prédio

com fones nos ouvidos, um ídolo a gritar

algumas lágrimas a acorrentar o coração
e um movimento do cérebro a cada passo .

quinta-feira, 25 de novembro de 2010


correm os dias, os carros, as pessoas
e eu insisto em tentar ver,
ver tudo em câmera lenta.

da série: Haikai sem métrica

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Enquanto isso, no msn...

Mosaico - A.L.M.A. envia "galinha louca"

b. [resenhando] diz:
onde vc conseguiu isso?
Mosaico - A.L.M.A. diz:
vida loka mano
na quebrada digital no submundo favelão da internet ta ligada?
b. [resenhando] diz:
claro q tô ligada
a net é nóis
Mosaico - A.L.M.A. diz:
é nóis no md
conexão uairelés robada dus vizim
b. [resenhando] diz:
kkk
Mosaico - A.L.M.A. diz:
colocando bombril na anteninha do modem
huahuauhuhauhhua
b. [resenhando] diz:
AUHEAUHEUAHEA
Mosaico - A.L.M.A. diz:
pode crer nóis é raker da periferia digital mano
b. [resenhando] diz:
kk
to rindo demais
tenho q salvar
Mosaico - A.L.M.A. diz:
huauhahuahuahu iiii copia não ein mina
vo pedir direito autoral
b. [resenhando] diz:
pode pedir
mas q eu vou copiar eu vou
Mosaico - A.L.M.A. diz:
se pá eu chamo uns truta meu e nois tudo dirruba sua coenxão ein
nois dá porrada em p2p
huahuauhahuahu
nois rakeia seu orkut e seu msn q vc nunca mais entra.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

ELAS

que me cospem na cara e dão risada; que me amam, me odeiam, me largam e voltam. Sempre voltam! Elas que fracassam e me [e se] frustram; me frustram tanto que cada vez mais quero dominá-las, prendê-las, fazê-las minhas, só e tão minhas. Elas... que então não quero mais escravizar, o que quero mesmo é morar dentro delas, no exato tempo entre o pensar e o proferir . Elas que matam e eternizam, fazem nascer e crescer - ser. Elas que me mostram os caminhos, abrem e fecham as portas, fazem e desfazem os [meus e seus] sentidos, [des]construindo-os. Que me entregam, se entregam e denunciam tudo e todos a todos e tudo que há. Elas que, quando mal ditas são tão malditas. Elas, sem as quais eu nem estaria aqui, e que tenho gravadas pra sempre em meu corpo - feito tatuagem. As palavras, que desnudam e que me cospem na cara e dão risada; que me amam, me odeiam, me largam e voltam. Sempre voltam! Ainda bem.

domingo, 14 de novembro de 2010

Báh, tá loco tchê


ontem, no show dos Los Porongas

domingo, 7 de novembro de 2010




um dia acordei
com o humor de acordo com
a cor dos seus olhos.





da série: Haikai sem métrica

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Das coisas que eu amo




dormir até que
a cama me expulse.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Cuidado


Ontem quando estava arrumando minha cama pra me deitar vi uma formiguinha no meu travesseiro. Dei-lhe um tapa e continuei a arrumar. De repente ela estava lá novamente, sobre meu lençol. Mandei-lhe a mão, já começando a estressar. E, adivinhem? Ela apareceu na cabeceira da cama, toda espuleta, andando freneticamente. Então, antes de jogá-la de uma vez por todas no chão, pensei no meu avô. Lembrei de todas as vezes que ele revistava a cama antes de eu me deitar, horrorizado com o fato de que poderia haver alguma formiguinha ali por perto que entrasse em um dos meus ouvidos durante meu sono. Era uma revista mais que especial, e não só nos tempos de criança - ele fez isso enquanto conseguiu. Sempre me alertava: Filha, não tem nenhuma formiga aí? Se tiver, mate ela! E eu até me irritava as vezes, mas sabia que era cuidado, da melhor espécie possível. Depois do momento nostálgico, tirei a formiguinha com delicadeza e me deitei teorizando sobre o quanto esse tipo de detalhe é corriqueiro, banal, e até tão pequeno, e em quanta falta faz quando não acontece mais; dói e causa saudade - o sentimento mais urgente que existe.